Ideias sobre actualidades, coisas interessantes e outras nem por isso.

sábado, setembro 09, 2006

Pacto de justiça - o país acordou na sexta-feira com a notícia de que os principais partidos da vida política portuguesa tinham celebrado um acordo com vista a poder reformar a justiça, e para que haja continuidade mesmo quando as legislaturas são interrompidas.

Para mim, este tipo de consensos deviam ser óbvios na sociedade portuguesa. É contraproducente alguém chegar e achar simplesmente que aquilo que os outros fizeram está errado. Antes pelo contrário: serve apenas para desculpabilizar possíveis (e esperados) fracassos nas políticas apresentadas.

Serve esta presente constatação para fundamentar a minha opinião de que não existem grandes diferenças de fundo entre PS e PSD, apenas jogos de poder e tácticas políticas. No entanto, coloco desde já algumas reservas: é bem provável que alguns duros se oponham ao mesmo e o consigam dissolver. Porque não é do seu interesse.

Pelo contrário, Espanha vive uma situação inversa. Julgava eu que estas diferenças entre esquerda e direita são mínimas em toda a Europa, mas não é definitivamente o caso dos nossos vizinhos ibéricos. As marcas deixadas pela Guerra Civil, onde se defrontaram a Frente Nacional, de direita, e a Frente Popular, de esquerda (onde estavam também incluídos todos os movimentos independentistas), e posterior repressão franquista, ainda se fazem sentir no território. Poderia ainda contrapôr que a repressão também existiu em Portugal, e que em consequência disso as diferenças entre os dois pólos ideológicos deveriam ser muito grandes. No entanto, o nosso país não viveu o sofrimento de uma guerra civil, do massacre e desaparecimentos de pessoas, entre outros. Para além disso, a Revolução "desmascarou" todo o aparelho por trás do sistema que vigorou em Portugal durante meio século. Espanha, com a sua revolução transitória, ainda não ressuscitou totalmente as memórias sangrentas da sua história.

Os ódios de uma guerra civil perduram no tempo, e Espanha ainda não o esqueceu.